Interferência da Justiça na CBF pode tirar o Brasil da Copa
A FIFA e a Conmebol expressaram preocupação com a possibilidade de interferência externa no funcionamento da entidade.

O afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em dezembro de 2023, foi motivado por uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), que considerou irregular o processo de sua eleição ao cargo máximo da entidade.
O caso gira em torno de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2021 entre o Ministério Público do Rio de Janeiro e a CBF. O TAC foi criado para solucionar disputas judiciais sobre a presidência da entidade, após uma série de escândalos e indefinições no comando da CBF. O acordo permitiu que Ednaldo Rodrigues fosse eleito em um processo extraordinário para um mandato-tampão, posteriormente estendido até 2026.
Entretanto, segundo a 21ª Câmara Cível do TJ-RJ, o TAC desrespeitou o estatuto da CBF, pois alterações nas regras eleitorais da entidade só poderiam ser feitas por deliberação da Assembleia Geral, composta pelos clubes e federações estaduais — o que não ocorreu. Assim, o tribunal entendeu que a eleição de Ednaldo não teve validade legal.
Com base nesse entendimento, os desembargadores anularam os efeitos do TAC, afastaram Rodrigues da presidência e determinaram a nomeação de um interventor para conduzir novas eleições na CBF dentro dos parâmetros estatutários.
A decisão provocou forte reação nos bastidores do futebol. A FIFA e a Conmebol expressaram preocupação com a possibilidade de interferência externa no funcionamento da entidade — algo que pode resultar em sanções internacionais, como a suspensão do Brasil de competições oficiais.
Ednaldo Rodrigues recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão e retomar o cargo, enquanto a CBF tenta manter sua estabilidade institucional em meio à crise jurídica e política que ameaça sua governança.