O Comando Vermelho (CV) é uma das facções criminosas mais antigas e poderosas do Brasil. Sua origem remonta à década de 1970, no presídio da Ilha Grande, no Rio de Janeiro, onde criminosos comuns passaram a conviver com presos políticos da ditadura militar. Esse contato resultou na criação de uma organização que inicialmente se autodenominava Falange Vermelha, unindo práticas criminosas tradicionais com princípios de organização e disciplina herdados das estruturas de resistência política.

Ao longo dos anos, o Comando Vermelho se expandiu para além dos presídios, consolidando seu domínio sobre diversas favelas e comunidades do Rio de Janeiro. Seu poder econômico se estrutura principalmente no tráfico de drogas, armas e na lavagem de dinheiro. Estima-se que a facção movimenta bilhões de reais por ano, controlando não apenas o comércio de entorpecentes no Brasil, mas também mantendo conexões internacionais, especialmente com fornecedores na América Latina e na Europa.

O poder do CV não se restringe apenas ao campo financeiro. A facção também exerce um poder político informal, controlando territórios, impondo leis próprias e desafiando diretamente o Estado em várias regiões. O grupo chega a oferecer serviços básicos à comunidade, como segurança, mediação de conflitos e até auxílio financeiro, o que cria uma relação ambígua com parte da população local, que muitas vezes vê na facção a única presença efetiva de "autoridade".

As consequências sociais da atuação do Comando Vermelho são profundas e devastadoras. O domínio da facção alimenta ciclos de violência urbana, com guerras constantes entre grupos rivais pelo controle de territórios. Isso gera insegurança, mortes, evasão escolar e degradação social nas comunidades dominadas, além de afetar profundamente a juventude, que muitas vezes é cooptada para atividades criminosas por falta de oportunidades formais.

Economicamente, o impacto também é significativo. A presença de facções como o CV afasta investimentos, prejudica o comércio local e onera os cofres públicos com custos elevados de segurança e repressão. Ao mesmo tempo, a economia paralela movimentada pelo tráfico sustenta uma rede ilegal que inclui desde lavagem de dinheiro até corrupção de agentes públicos, fortalecendo o crime organizado em todo o país. A influência do Comando Vermelho, portanto, ultrapassa os muros das favelas e se conecta diretamente às fragilidades estruturais do Estado brasileiro.