Guerra: Rússia ameaça uso de armas nucleares contra a Ucrânia
A ameaça eleva a tensão internacional e joga um balde de água fria sobre as perspectivas de um acordo de cessar-fogo.

Em mais um capítulo tenso da guerra entre Rússia e Ucrânia, o chefe da delegação russa nas negociações de paz, Vladimir Medinski, fez uma declaração alarmante nesta semana ao ameaçar o uso de armas nucleares caso Kiev — com o apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) — tente recuperar os territórios atualmente ocupados por Moscou. Segundo Medinski, uma ofensiva ucraniana nessa direção “significaria o fim do planeta”.
A fala do assessor direto do presidente Vladimir Putin aconteceu durante uma entrevista a meios de comunicação estatais russos, em meio ao impasse nas negociações diplomáticas que visam encerrar o conflito iniciado em 2022, com a invasão russa em larga escala à Ucrânia.
“Se a Ucrânia tentar recuperar Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia ou a Crimeia com apoio militar da Otan, a resposta será catastrófica. Temos armas que podem destruir o mundo inteiro. E não hesitaremos em usá-las para proteger nossa soberania”, afirmou Medinski.
A ameaça eleva a tensão internacional e joga um balde de água fria sobre as perspectivas de um acordo de cessar-fogo. Para o governo ucraniano, a devolução total dos territórios ocupados é condição indispensável para encerrar as hostilidades. Kiev insiste que a integridade territorial do país deve ser restaurada, incluindo a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e outras regiões invadidas desde 2022.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reafirmou nesta terça-feira que a Ucrânia “não aceitará nenhum acordo que legitime ocupações ilegais” e acusou Moscou de continuar usando a ameaça nuclear como instrumento de chantagem. “A paz não pode ser construída sobre o medo. O mundo precisa reagir com firmeza a esse tipo de retórica”, declarou Zelensky em pronunciamento.
Otan acompanha com preocupação
A Otan, por sua vez, ainda não respondeu oficialmente à declaração de Medinski, mas fontes diplomáticas indicam que os membros da aliança veem a ameaça como parte da estratégia russa de dissuasão e intimidação. “A retórica nuclear do Kremlin é perigosa, irresponsável e absolutamente inaceitável”, afirmou um oficial europeu sob condição de anonimato.
Especialistas em segurança internacional avaliam que, embora o uso real de armas nucleares permaneça improvável, o simples fato de que líderes russos voltem a colocar essa possibilidade em pauta agrava o risco de escalada descontrolada. “Estamos diante de uma guerra prolongada, com sinais de desgaste, mas também com potencial de explosão catastrófica caso linhas vermelhas sejam cruzadas”, alertou Fiona Hill, ex-conselheira da Casa Branca para assuntos russos.
Isolamento crescente
As falas de Medinski também ampliam o isolamento internacional da Rússia, que já enfrenta duras sanções econômicas e crescente rejeição diplomática. A ameaça nuclear ocorre em um momento em que a China, tradicional aliada de Moscou, tem feito apelos públicos por uma solução pacífica e sustentada do conflito.
Em resposta às declarações russas, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu moderação: “As ameaças de destruição nuclear são um grave retrocesso para a humanidade. Precisamos de diálogo, não de destruição. A única guerra que vale a pena é a guerra contra a guerra”.
Conclusão
Enquanto diplomatas se reúnem em Genebra para uma nova rodada de conversas, a retórica incendiária vinda do Kremlin mostra que a paz ainda está longe. O futuro da Ucrânia — e talvez do equilíbrio global — continua preso ao fio tênue entre diplomacia e desastre. O mundo observa, apreensivo, esperando que a razão prevaleça sobre a retórica do fim.