Eduardo Bolsonaro desafia Alexandre de Moraes em publicação: “Inquérito fajuto e arbitrariedades”
A publicação ocorre após informações de bastidores indicarem que Alexandre de Moraes teria autorizado a inclusão de Eduardo Bolsonaro em uma nova frente de investigação.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em uma publicação nas redes sociais nesta segunda-feira (9). Em tom desafiador, Eduardo afirmou não ter sido legalmente informado sobre o novo inquérito aberto contra ele, classificando a investigação como “fajuta” e de motivação “política – não legal”.
Na publicação, o parlamentar questiona a legitimidade da ação conduzida por Moraes, responsável por diversos inquéritos no âmbito do STF relacionados a atos antidemocráticos, milícias digitais e ataques às instituições brasileiras. Eduardo também faz críticas à atuação do ministro no cenário internacional, insinuando que suas decisões ultrapassariam os limites da jurisdição nacional.
“Como posso ignorar algo que não fui legalmente informado? Alexandre de Moraes está acostumado a fazer o que bem entende no regime que virou seu quintal”, escreveu o deputado, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Eduardo segue dizendo que “os EUA não acobertariam um criminoso em seu território” e afirma que “não tolerariam que um ditador os usasse para executar suas arbitrariedades”. A frase parece ser uma referência a uma possível cooperação internacional envolvendo autoridades americanas — contexto que não foi oficialmente confirmado até o momento.
O deputado finaliza a publicação pedindo que Moraes utilize o “instrumento adequado”, referindo-se à carta rogatória — meio formal de comunicação entre autoridades judiciais de diferentes países. Segundo Eduardo, ele está “ansioso pela oportunidade de dizer verdades” durante o curso do inquérito.
Contexto do embate
A publicação ocorre após informações de bastidores indicarem que Alexandre de Moraes teria autorizado a inclusão de Eduardo Bolsonaro em uma nova frente de investigação relacionada à atuação de parlamentares e influenciadores na suposta organização de ataques ao Estado Democrático de Direito. O inquérito, segundo fontes do STF, teria como base postagens, articulações e diálogos atribuídos ao deputado.
Não é a primeira vez que Eduardo Bolsonaro entra em rota de colisão com o ministro Moraes. Desde os desdobramentos do 8 de Janeiro de 2023 — quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília — o deputado vem fazendo críticas sistemáticas ao que chama de “ativismo judicial” e “perseguição política”.
Reações e repercussão
A nova manifestação de Eduardo teve ampla repercussão entre apoiadores e críticos. Parlamentares da base governista acusaram o deputado de desacato à Justiça e de tentar inflamar as redes com retórica de confronto. Já aliados bolsonaristas reforçaram a tese de que o STF estaria extrapolando seus limites constitucionais, usando o Judiciário como ferramenta de repressão política.
Especialistas ouvidos por veículos de imprensa avaliam que o embate escancara uma crise institucional latente, agravada por ataques de figuras públicas às decisões judiciais. “Existe um tensionamento crescente entre os Poderes, e manifestações como essa contribuem para deteriorar ainda mais o ambiente democrático”, avalia a jurista Eloísa Machado, professora da FGV Direito SP.
Possíveis desdobramentos
Embora a íntegra do inquérito citado por Eduardo Bolsonaro ainda não tenha sido tornada pública, a insistência do parlamentar em tratar a investigação como ilegítima pode se tornar foco de novas medidas judiciais. A Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda não se pronunciou sobre o caso.
Por outro lado, a menção à carta rogatória, mecanismo previsto no direito internacional, pode indicar a possibilidade de cooperação entre o STF e autoridades estrangeiras para avançar em diligências fora do país. Segundo analistas, isso só ocorreria se houvesse elementos que apontassem para ações transnacionais relacionadas ao objeto da investigação.
Enquanto isso, o clima de confronto segue aquecido. Em meio a críticas, desafios públicos e uma polarização que persiste mesmo após o fim do mandato de Jair Bolsonaro, o embate entre o Legislativo bolsonarista e o Judiciário brasileiro permanece um dos focos centrais da política nacional.
Como posso ignorar algo que não fui legalmente informado? Alexandre de Moraes está acostumado a fazer o que bem entende no regime que virou seu quintal.
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) June 9, 2025
O problema dos tiranos é que: tão certo quanto os EUA não acobertariam um criminoso em seu território, eles também não… pic.twitter.com/YxymKQ9Tm4