Aumento do IOF: Por Que o Impacto Pesado Recai Sobre os Mais Pobres?
O cerne da questão reside no caráter regressivo do IOF. Este imposto incide sobre operações financeiras essenciais para o dia a dia da população, como crédito, câmbio e seguros.

A discussão sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que recentemente gerou embates no Congresso Nacional, levanta uma questão crucial: quem realmente paga a conta desse imposto? Embora o IOF afete tanto ricos quanto pobres, análises econômicas indicam que seu peso é proporcionalmente mais severo sobre as famílias de menor renda, transformando a medida em um fardo desproporcional para quem já enfrenta dificuldades.
O cerne da questão reside no caráter regressivo do IOF. Este imposto incide sobre operações financeiras essenciais para o dia a dia da população, como crédito, câmbio e seguros. Para os indivíduos de baixa renda, o impacto é amplificado. Quando recorrem a empréstimos para necessidades básicas, por exemplo, o valor do IOF representa uma fatia maior de sua renda total em comparação com o que ocorre com os mais ricos. Em outras palavras, ele cobra mais de quem tem menos, em vez de onerar mais quem tem maior capacidade contributiva.
Além disso, a estrutura do mercado de crédito agrava a situação dos mais vulneráveis. Pessoas com menor poder aquisitivo são, muitas vezes, as que mais precisam de acesso a linhas de crédito, e frequentemente recorrem a modalidades com juros já elevados, como empréstimos pessoais e parcelamentos de cartão de crédito. O aumento do IOF, nessas circunstâncias, adiciona uma camada extra de custo, encarecendo ainda mais o dinheiro para quem já está em uma situação financeira delicada. Isso pode aprisionar famílias em ciclos de endividamento, dificultando a recuperação econômica pessoal.
Enquanto isso, empresários e setores mais abastados, embora também sejam afetados pelo aumento do imposto em suas operações, possuem mecanismos para mitigar esse impacto. Empresas podem, por exemplo, repassar parte desse custo aos consumidores por meio do aumento de preços de produtos e serviços. Ou, ainda, ajustar suas estratégias financeiras para otimizar a carga tributária. Essa capacidade de repasse ou de adaptação reduz o impacto direto e proporcional sobre os mais ricos, transferindo-o, em última instância, para a ponta final da cadeia de consumo – o cidadão comum.
Portanto, apesar de o aumento do IOF ser justificado muitas vezes pela necessidade de elevar a arrecadação e, no discurso governista, pela busca de justiça fiscal, a análise de seu funcionamento demonstra um efeito nocivo mais acentuado sobre os segmentos de menor renda. O imposto se configura, assim, como uma ferramenta que, ao invés de buscar a equidade, tende a aprofundar as desigualdades sociais ao sobrecarregar aqueles que têm menos capacidade de absorver custos adicionais.