Bolsonaro e Lula são dois católicos com visões diferentes
Jair Bolsonaro equilibra fé católica e apoio evangélico.

Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, dois dos principais nomes da política brasileira, adotam posturas religiosas distintas que refletem não apenas suas trajetórias pessoais, mas também estratégias de diálogo com o eleitorado. Bolsonaro foi criado no catolicismo e, oficialmente, segue registrado como católico. Ele já participou de missas e demonstra devoção a Nossa Senhora Aparecida, especialmente em ocasiões simbólicas. No entanto, sua aproximação com o público evangélico se intensificou ao longo da carreira política, transformando-se em uma de suas principais bases de apoio.
Um marco dessa conexão ocorreu em 2016, quando Bolsonaro foi batizado no rio Jordão, em Israel, por um pastor da Igreja Batista. Embora não tenha formalizado a conversão, o gesto foi amplamente interpretado como sinal de identificação com o segmento evangélico. Durante seu governo, adotou bandeiras fortemente conservadoras — como a defesa da família tradicional, a oposição ao aborto e à ideologia de gênero — em sintonia com líderes evangélicos influentes, o que consolidou sua popularidade entre esse público. Essa dupla identidade religiosa, entre o catolicismo cultural e a aliança política com evangélicos, ampliou seu alcance em um país majoritariamente cristão.
Já o presidente Lula mantém uma relação mais discreta com a religião. Criado em uma família católica, se identifica como católico, mas evita manifestações públicas frequentes de fé. Seu discurso é marcado por tolerância religiosa e respeito à pluralidade de crenças. Ao longo da vida pública, Lula participou de missas, eventos inter-religiosos e reuniões com representantes de diferentes tradições, incluindo evangélicos, espíritas e religiões afro-brasileiras. Sua postura reforça uma imagem de líder que busca diálogo com diferentes setores da sociedade, sem priorizar uma base religiosa específica.