O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) causou polêmica durante um discurso nesta quarta-feira (28) na Paraíba, ao afirmar que “Deus deixou o sertão sem água porque sabia que um dia eu seria presidente”. A declaração foi feita durante a inauguração de obras de abastecimento no estado, dentro do projeto de transposição do Rio São Francisco. A fala, embora tenha arrancado aplausos de aliados no palanque, repercutiu de forma controversa nas redes sociais e na imprensa.

Durante o discurso, Lula destacou que as dificuldades enfrentadas pelo povo nordestino, especialmente com a seca histórica do sertão, foram, segundo ele, “uma missão” que Deus lhe deu para que, quando se tornasse presidente, pudesse resolver o problema da falta de água na região. “Era preciso que tivesse alguém que conhecesse a dor desse povo, alguém que veio da seca, para fazer essa obra acontecer”, afirmou, se referindo aos investimentos na transposição e em sistemas de abastecimento.

A declaração gerou críticas de setores da oposição e de parte da população, que consideraram a fala “egocêntrica, desrespeitosa e politicamente inoportuna”. Parlamentares opositores acusaram Lula de se apropriar da fé popular e do sofrimento dos nordestinos para se autopromover politicamente. “Dizer que Deus deixou o povo sofrer só para ele ser presidente é, no mínimo, uma falta de respeito com a história desse povo guerreiro”, reagiu um deputado da oposição.

Por outro lado, aliados defenderam o tom do discurso, dizendo que a fala foi uma metáfora emocional, típica do estilo do presidente, que buscava apenas reforçar sua origem humilde e o compromisso histórico com o desenvolvimento do Nordeste. Ministros presentes no evento minimizaram as críticas e destacaram os investimentos do governo federal no combate à seca, que somam bilhões de reais em obras estruturantes.

O episódio evidencia, mais uma vez, como os discursos de Lula, muitas vezes carregados de emoção e simbolismo, podem ser interpretados de formas distintas, dependendo do público. Enquanto para alguns é prova de empatia e conexão com os mais pobres, para outros soa como arrogância e exploração política de tragédias históricas. A declaração, entretanto, já se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, dividindo opiniões no cenário político nacional.