Entenda o que foi a "ABIN Paralela" e o envolvimento de Jair Bolsonaro no caso
No relatório final do inquérito sobre o caso "ABIN Paralela", concluído em junho de 2025, a PF indiciou mais de 30 pessoas, incluindo o ex-diretor-geral da ABIN, Alexandre Ramagem, e o filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro.

A expressão "ABIN Paralela" refere-se a um complexo esquema de espionagem ilegal que teria operado à margem dos protocolos oficiais da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022).
Como Funcionava a "ABIN Paralela"?
A investigação da PF revelou que o esquema teria utilizado ferramentas de monitoramento clandestino, com destaque para o software espião israelense "FirstMile".
Os alvos eram inseridos no sistema, e sua localização era acompanhada em tempo real por meio de um mapa.
- Produção de dossiês: Dossiês clandestinos eram criados contra pessoas consideradas inimigas ou adversárias do governo.
- Disseminação de fake news: As informações, muitas vezes distorcidas ou sem comprovação, seriam repassadas para grupos que atuavam na criação e propagação de notícias falsas nas redes sociais, com o objetivo de atacar a reputação dos monitorados.
- Vigilância de autoridades: Ministros do STF, como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além de parlamentares e jornalistas, teriam sido monitorados.
- Perseguição a opositores: O esquema visava identificar e monitorar líderes de movimentos sociais, caminhoneiros críticos ao governo e outros indivíduos que representavam alguma forma de oposição.
O Envolvimento de Jair Bolsonaro
A Polícia Federal tem investigado a atuação e o conhecimento de Jair Bolsonaro e de pessoas próximas a ele sobre esse esquema. No relatório final do inquérito sobre o caso "ABIN Paralela", concluído em junho de 2025, a PF indiciou mais de 30 pessoas, incluindo o ex-diretor-geral da ABIN, Alexandre Ramagem, e o filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro.
O envolvimento de Jair Bolsonaro no caso, segundo a PF, estaria relacionado ao fato de ele ser o principal beneficiário do esquema e ter responsabilidade pela estrutura montada para a espionagem ilegal. Embora o ex-presidente não tenha sido formalmente indiciado neste inquérito específico pela PF (devido ao princípio da vedação da dupla incriminação, pois ele já responde pelo crime de organização criminosa em outros processos, como o da "minuta do golpe"), a investigação aponta sua atuação e ciência das atividades ilegais.
A PF suspeita que Carlos Bolsonaro, por exemplo, teria chefia o chamado "gabinete do ódio", utilizando informações obtidas ilegalmente pela "ABIN Paralela" para atacar adversários políticos nas redes sociais. Áudios e mensagens apreendidos indicam que aliados próximos a Bolsonaro tinham acesso à chefia da ABIN e usavam esse canal para obter informações sigilosas. Há indícios de que o próprio Bolsonaro teria conversado com Ramagem sobre o uso da agência para investigar auditores da Receita Federal com o objetivo de blindar seu filho Flávio em outra investigação.
A Polícia Federal tem investigado a atuação e o conhecimento de Jair Bolsonaro e de pessoas próximas a ele sobre esse esquema.
O envolvimento de Jair Bolsonaro no caso, segundo a PF, estaria relacionado ao fato de ele ser o principal beneficiário do esquema e ter responsabilidade pela estrutura montada para a espionagem ilegal. Embora o ex-presidente não tenha sido formalmente indiciado neste inquérito específico pela PF (devido ao princípio da vedação da dupla incriminação, pois ele já responde pelo crime de organização criminosa em outros processos, como o da "minuta do golpe"), a investigação aponta sua atuação e ciência das atividades ilegais.
A PF suspeita que Carlos Bolsonaro, por exemplo, teria chefia o chamado "gabinete do ódio", utilizando informações obtidas ilegalmente pela "ABIN Paralela" para atacar adversários políticos nas redes sociais. Áudios e mensagens apreendidos indicam que aliados próximos a Bolsonaro tinham acesso à chefia da ABIN e usavam esse canal para obter informações sigilosas. Há indícios de que o próprio Bolsonaro teria conversado com Ramagem sobre o uso da agência para investigar auditores da Receita Federal com o objetivo de blindar seu filho Flávio em outra investigação.
O caso da "ABIN Paralela" revela um grave desvio de finalidade de um órgão de inteligência de Estado, transformado, segundo as investigações, em uma ferramenta de perseguição política a serviço de interesses pessoais e familiares do então presidente, minando a confiança nas instituições democráticas.