Crise na Saúde de Alagoas no Governo Paulo Dantas prejudica Renan Filho contra JHC e preocupa aliados do Ministro.
Ministro dos Transportes Renan Filho fala no ouvido do Governador Paulo Dantas, durante evento de inauguração de rodovia em Ibateguara. Foto: Arquivo O Senadinho Demissões de servidores, atrasos de pagamentos e encerramento de atendimentos com especialistas no interior do estado, podem ter ajudado JHC a ultrapassar Renan Filho no último levantamento do Paraná Pesquisas. A crise que atinge a saúde pública de Alagoas, nos últimos meses, mas exposta publicamente, nas últimas semanas — com fechamento de serviços hospitalares, demissões em massa de profissionais e denúncias de paralisação de atendimentos essenciais — ultrapassou o campo administrativo e já provoca efeitos no cenário político estadual.
Ouvimos alguns políticos, que analisam que a situação tem impacto direto na disputa pelo governo em 2026, acentuando o desgaste do grupo político de Renan Filho (MDB) e favorecendo o crescimento do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL), sobretudo no interior do estado.
O estopim da crise foi a desestruturação do Hospital Regional da Mata (HRM), em União dos Palmares, com a demissão de quase 100 servidores e o encerramento de serviços neurológicos e cirúrgicos, . A repercussão foi imediata entre pacientes, vereadores, médicos e profissionais de saúde, que passaram a denunciar o colapso da rede e acusar o governo de Paulo Dantas (MDB) de promover uma "desmontagem" da saúde pública.
O deputado federal Alfredo Gaspar, classificou o caso como "mais um calote na saúde de Alagoas" responsabilizando Paulo Dantas pelo caso.
Entenda em nove pontos como essa crise pode redesenhar a disputa entre JHC e Renan Filho em 2026:
01 - Crise deixou de ser técnica e virou narrativa política
A falta de atendimento neurológico, por falta de pagamentos à Coopneuro - Cooperativa dos Neurocirurgiões do Estado de Alagoas -, somado a demora em atendimentos de emergências e denúncias de prejudicarem pacientes com AVC transformaram a questão em uma pauta social e emocional. Histórias reais de sofrimento ganharam as redes e rádios locais, criando forte desgaste ao governo Paulo Dantas
02 - Governo perdeu capacidade de reação
Com demissões sem explicação pública convincente e ausência de um plano emergencial, o governo estadual vem sendo duramente criticado por de falta de gestão. O silêncio oficial amplificou o desgaste e abriu espaço para críticas de opositores.
03 - Desgaste recai sobre Renan Filho
Mesmo como ministro dos Transportes, Renan continua sendo a principal referência política do grupo que governa Alagoas. Renan foi eleito senador em 2022, após deixar o comando do estado, e apoiar Paulo Dantas. Assim, o desgaste de Paulo Dantas atinge diretamente sua imagem, especialmente entre eleitores do interior que associam ambos ao mesmo projeto político, com isso JHC surge como alternativa ao projeto Dantas/Calheiros para 2026.
04 - JHC cresce como “solução alternativa”
Enquanto o governo do estado enfrenta denúncias e protestos, a pré-campanha de JHC se fortalece com o discurso de eficiência e modernização. A narrativa do "padrão JHC de gestão", anunciada pelo deputado Marx Beltrão e difundida nas redes, ganha tração nos municípios afetados pelo caos na saúde.
05 - Interior se afastando do governo
Em cidades como União dos Palmares, Murici, Santana do Mundaú e outras da Zona da Mata, as lideranças políticas que apoiam Paulo Dantas preferem manter silêncio estratégico — o que é visto como um sinal claro de insatisfação política.
06 - Tema saúde domina a pauta popular
Diferente de temas macroeconômicos ou debates ideológicos, a saúde mobiliza o eleitor diretamente. Falta de atendimento e risco de morte sensibilizam eleitores e fortalecem o voto de mudança, o que beneficia JHC. Renan Filho terá um discurso enfraquecido sobre a importância de ter construído hospitais permanentes durante a pandemia de Covid19 - uma decisão acertada -, mas que pode perder aderência
7 - Ruptura com servidores e profissionais de saúde
A crise gerou a insatisfação de médicos, enfermeiros e servidores demitidos, além de seus familiares. Esse grupo tem alto poder de influência nas cidades pequenas e tende a se posicionar politicamente contra o governo.
8 - Câmara Municipal e oposição ganharam voz
Notas de repúdio de vereadores e associações se multiplicaram. A oposição encontrou argumento forte para atacar o governo Paulo Dantas e, por consequência, enfraquecer o campo político de Renan Filho.
9 - Reação tardia pode consolidar narrativa
Sem um plano emergencial convincente, o governo corre risco de consolidar a marca negativa de "gestão que destruiu a saúde". Se o problema persistir, JHC e seus aliados poderão explorar politicamente a crise até o período eleitoral.
A disputa entre Renan Filho e JHC, se vir a acontecer, será uma das mais acirradas de 2026, o que não é vista desde o confronto entre os usineiros Teotônio Vilela Filho e João Lyra em 2006. Agora, com a crise da saúde ganhando proporções estaduais, a pauta pode ser decisiva para definir a tendência eleitoral, principalmente, no interior — onde está o maior contingente de votos e eleitores "mais dependentes" do SUS.




