Conde d'Eu chegando na Estação de União dos Palmares

Em 1889, com o Império rangendo por dentro e a República assanhada nos jornais e nas rodas de conversa, o Conde d’Eu, marido da Princesa Isabel, decidiu enfrentar o calor e as distâncias do Norte brasileiro. Queria sentir o pulso do povo e, quem sabe, ainda salvar os últimos suspiros da monarquia.

No dia 12 de junho, embarcou no vapor Alagoas, acompanhado por uma comitiva ilustre e, ironicamente, pelo jovem advogado e jornalista Silva Jardim, ferrenho republicano que fazia da pena uma arma contra o regime que o conde representava.

A embarcação fez seu caminho pela costa, parando de capital em capital. No dia 16, o vice-presidente da Província de Alagoas, Messias de Gusmão, foi avisado por telegrama: o conde chegaria no dia seguinte. E assim foi. Na manhã de 17 de junho, o paquete Alagoas atracou no porto de Jaraguá, em Maceió. Algumas horas depois, já seguia para Recife.

Dois meses se passaram. Na volta da excursão pelo Norte, o príncipe consorte retornou a Alagoas. Mas, desta vez, desceu além da capital. Foi até onde o trem terminava: a Vila da Imperatriz, hoje União dos Palmares.

No dia 21 de agosto de 1889, Conde d’Eu foi recebido pelo vigário Antonio da Pureza Vasconcelos em sua casa, que mais tarde se tornaria morada de Basiliano Sarmento, figura de destaque na política local.

Na bagagem, trazia um documento importante: a Resolução nº 1092, assinada no dia anterior, que elevava a vila à categoria de cidade. Era o reconhecimento oficial do crescimento de Imperatriz — um novo status, selado pela presença do próprio genro de Dom Pedro II.

No mesmo dia, a comitiva voltou para a capital. Poucos meses depois, o Império cairia. Mas aquele 21 de agosto ficou gravado na memória local: o dia em que o último representante de peso da monarquia pisou nas antigas terras do Quilombo dos Palmares e entregou, em mãos, o papel que transformava uma vila em cidade.

Fonte de pesquisa: Sarmento, Genisete de Lucena. A ocupação das terras do Quilombo dos Palmares e a criação de vilas. 2019.