Janja ultrapassa Lula em viagens e age como se fosse presidente
Críticos apontam que a primeira-dama estaria extrapolando as atribuições informais.

A atuação internacional da primeira-dama Janja da Silva voltou a despertar críticas e questionamentos sobre os limites e os custos de sua participação em compromissos oficiais ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde o início do atual mandato, Janja tem desempenhado um papel ativo em missões diplomáticas e eventos no exterior, acumulando mais dias de viagem do que o próprio chefe do Executivo. De janeiro de 2023 a setembro de 2024, foram 103 dias fora do Brasil, superando os 87 dias em que Lula esteve em compromissos internacionais no mesmo período.
Os críticos apontam que a primeira-dama estaria extrapolando as atribuições informais do cargo, agindo como se ocupasse uma função de governo. Além disso, o custo dessas viagens, embora não detalhado publicamente pelo Palácio do Planalto, é frequentemente alvo de questionamentos de parlamentares da oposição, que cobram mais transparência nos gastos com passagens, hospedagens e segurança. Comparações com gestões anteriores ressaltam que nem mesmo o ex-presidente da República Jair Bolsonaro, durante seu mandato, viajou tanto quanto a atual primeira-dama em funções oficiais.
Aliados do governo defendem a presença de Janja como uma modernização do papel da primeira-dama, alinhada com uma agenda social e de visibilidade feminina em espaços políticos. No entanto, até mesmo entre membros da base, há desconforto com o protagonismo crescente da socióloga, que por vezes divide holofotes com o presidente em encontros internacionais. Episódios como sua participação no G20 Social, em que declarações polêmicas causaram constrangimentos, alimentam a percepção de que sua presença pode mais atrapalhar do que contribuir em determinadas circunstâncias.
Diante das críticas, cresce a pressão para que o governo estabeleça diretrizes mais claras sobre a participação da primeira-dama em agendas oficiais e os limites de seu papel nas ações de representação do Estado brasileiro. A discussão também levanta um debate mais amplo sobre a institucionalização ou não da função da primeira-dama, em um contexto onde transparência e responsabilidade fiscal são cada vez mais exigidos pela sociedade.