O policial federal Wladimir Matos Soares, de 53 anos, foi preso sob a acusação de participar de um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Baiano de Salvador e agente da Polícia Federal há mais de duas décadas, Wladimir construiu sua carreira em posições estratégicas. Em 2008, integrou o setor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), onde lidava com informações sensíveis. Posteriormente, atuou na Superintendência da PF em Salvador, até ser transferido para Brasília — embora ainda não se saiba com precisão por quanto tempo permaneceu na capital baiana.

Segundo as investigações da Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal, Wladimir Soares usou seu cargo para repassar informações sigilosas a outros alvos da investigação e a integrantes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre os dados compartilhados estariam rotas de deslocamento, falhas de segurança e detalhes operacionais da equipe que protegia Lula. As autoridades apuram se o objetivo era facilitar um possível atentado ou ataques coordenados ao novo governo, em meio aos desdobramentos da tentativa de golpe após as eleições de 2022.

O envolvimento de Wladimir ganha contornos ainda mais graves ao se confirmar que ele chegou a atuar diretamente na segurança do hotel onde funcionava a equipe de transição do governo Lula, no fim de 2022. Essa proximidade com figuras-chave do novo governo, aliada ao acesso privilegiado às operações de segurança, levanta sérias suspeitas de infiltração. A prisão do agente escancara o grau de comprometimento de setores das forças de segurança com articulações antidemocráticas, aprofundando as investigações sobre a rede de apoio ao golpismo dentro do próprio Estado brasileiro.