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,02/10/2025

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Israel e Irã: De aliados a inimigos, como uma Revolução mudou tudo

O filho do último Xá do Irã, Reza Pahlavi, publicou um vídeo nas redes sociais convocando a população iraniana a uma revolta contra o atual regime, em um apelo dramático que ecoa o descontentamento crescente no país.


Israel e Irã: De aliados a inimigos, como uma Revolução mudou tudo Representantes do executivo de Israel e Irã / Foto: Reprodução do Gazeta do Povo

 O filho do último Xá do Irã, Reza Pahlavi, publicou um vídeo nas redes sociais convocando a população iraniana a uma revolta contra o atual regime, em um apelo dramático que ecoa o descontentamento crescente no país. Pahlavi afirmou que "é necessário por um fim a este pesadelo coletivo", intensificando a pressão sobre a República Islâmica em um momento de crescentes tensões internas e externas.

Reza Pahlavi, herdeiro da dinastia Pahlavi deposta pela Revolução Islâmica de 1979, vive no exílio há décadas, mas mantém uma voz ativa nas redes sociais e em plataformas internacionais, buscando mobilizar a oposição ao governo iraniano. Sua declaração, divulgada em vídeo, é um convite direto à ação, alimentando as esperanças de parte da diáspora e de setores da população que anseiam por mudanças no Irã.

O chamado de Pahlavi surge em um cenário complexo para o Irã, marcado por protestos persistentes, desafios econômicos e sanções internacionais. O governo enfrenta críticas internas severas em relação a questões de direitos humanos, liberdade de expressão e gestão econômica. A voz de figuras históricas como Reza Pahlavi, mesmo do exílio, ganha eco em momentos de maior instabilidade, buscando catalisar sentimentos de frustração e desejo por um futuro diferente no país persa.

O Contexto do Exílio da Dinastia Pahlavi

Reza Pahlavi vive no exílio desde a Revolução Islâmica de 1979, um levante popular e religioso que derrubou a monarquia de seu pai, o Xá Mohammad Reza Pahlavi, e estabeleceu a República Islâmica do Irã, liderada pelo Aiatolá Ruhollah Khomeini.

A queda do Xá foi o resultado de anos de crescente insatisfação popular. Embora Mohammad Reza Pahlavi tivesse empreendido um ambicioso programa de modernização e ocidentalização conhecido como "Revolução Branca", seu governo era marcado por autoritarismo, repressão política (com o uso da temida polícia secreta SAVAK), aprofundamento das desigualdades sociais e forte influência ocidental. A centralização do poder, a falta de liberdades civis e a oposição religiosa conservadora, liderada por Khomeini (que estava exilado há anos), fermentaram um cenário de intensa agitação.

Em janeiro de 1979, diante de greves generalizadas e massivos protestos de rua, o Xá Mohammad Reza Pahlavi deixou o Irã, oficialmente para "férias". Embora não tenha abdicado formalmente, seu retorno foi impedido pela ascensão de Khomeini, que regressou do exílio em fevereiro e rapidamente consolidou o poder, culminando na proclamação da República Islâmica em 1º de abril de 1979. A família Pahlavi, incluindo o jovem Reza, então, iniciou uma vida de exílio, transitando por diversos países em busca de asilo. O Xá Mohammad Reza Pahlavi morreu no Egito em julho de 1980, após lutar contra um câncer.

O Apoio e a Aliança entre o Irã Imperial e Israel

É um paradoxo histórico que, antes da Revolução Islâmica, o Irã sob a dinastia Pahlavi mantinha relações surpreendentemente cordiais e até estratégicas com Israel. Essa aliança informal contrastava com a hostilidade da maioria dos países árabes e se baseava em interesses mútuos:

Geopolítica: Tanto o Irã imperial quanto Israel se sentiam isolados em uma região dominada por nações árabes. Para Israel, o Irã era parte de sua "Doutrina da Periferia", que buscava alianças com países não-árabes (como a Turquia) para contornar o isolamento regional. Para o Xá, Israel representava um contraponto a regimes árabes hostis e, em certo grau, uma fonte de tecnologia e apoio militar.

Comércio e Petróleo: Havia uma cooperação econômica robusta. O Irã era um fornecedor de petróleo crucial para Israel, e os dois países chegaram a ter projetos conjuntos, como a criação da Companhia Oleoduto Eilat-Ashkelon, que permitia a exportação de petróleo iraniano para a Europa via Israel.

Cooperação em Segurança: Em segredo, houve colaboração em inteligência e defesa. Israel fornecia armamentos e treinamento ao Irã, e oficiais israelenses atuavam no Irã sob disfarce civil. Alguns relatos indicam que, na década de 1970, Israel chegou a auxiliar o Irã no desenvolvimento de seu programa de armamentos.

Essa relação durou até a Revolução Islâmica. Com a ascensão do Aiatolá Khomeini, a nova República Islâmica repudiou veementemente a aliança com o Ocidente e, de forma categórica, rompeu laços com Israel, que passou a ser visto como um "regime sionista" e inimigo do Islã e da causa palestina. A embaixada israelense em Teerã foi fechada e entregue à Organização para a Libertação da Palestina (OLP), marcando o início de uma inimizade que persiste até hoje.

A convocação de Reza Pahlavi por uma "revolta" busca reverter o legado da revolução que impôs o exílio à sua família, mas enfrenta o desafio de seu passado monárquico e as complexas relações que o Irã, sob seu pai, manteve com potências como Israel.




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