O senador Cleitinho (PL-MG) usou as redes sociais para fazer um forte apelo à população brasileira, posicionando-se a favor do veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que buscava barrar a prorrogação de subsídios para fontes alternativas de energia. Em um vídeo, o senador, conhecido por sua retórica direta e popular, alertou que a derrubada do veto, que já passou no Senado, pode resultar em um aumento significativo na conta de luz dos brasileiros, estimando um custo adicional de R$ 197 bilhões.

Segurando uma conta de energia, Cleitinho iniciou o vídeo pedindo que a gravação fosse compartilhada por todo o Brasil, pois "a sua conta de energia vai ficar bem mais cara". Ele criticou a medida, que se refere ao "marco da energia offshore", afirmando que ela "beneficia alguns amigos do rei para a população brasileira se ferrar tentando pagar a conta mais cara". O senador destacou que votou contra o projeto no Senado, mas sua posição não foi suficiente para impedir a aprovação.

Apesar de ser um ferrenho opositor do governo federal, Cleitinho fez questão de elogiar a decisão de Lula de vetar o projeto. "O Lula agiu certo, vetou essa patifaria que voltou para o Congresso Nacional para que deputados e senadores pudessem manter o veto ou derrubar", disse. Ele reforçou que votaria para manter o veto presidencial, enfatizando que "não sou aliado do Lula, mas aliado do povo".

O Contexto da Disputa: Subsídios e a Conta de Luz

O vídeo do senador Cleitinho faz referência ao VET 3/2025 do PL 576/2021, que deu origem à Lei 15.097 de 2025. Esse projeto trata, principalmente, das regras para a geração de energia offshore (em alto mar), mas incluía dispositivos que prorrogavam por 20 anos os subsídios concedidos a pequenas hidrelétricas, usinas de biomassa e parques eólicos sob o Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).

Leia também:

• Congresso vota contra Lula e abre Caminho para aumento na conta de Luz dos Brasileiros
• Aumento do IOF: Por Que o Impacto Pesado Recai Sobre os Mais Pobres?
  
  

O presidente Lula havia vetado esses trechos específicos, argumentando que a manutenção dos subsídios poderia gerar um aumento excessivo nas tarifas de energia elétrica para os consumidores e criar insegurança jurídica. No entanto, o Congresso Nacional, em sessão nesta terça-feira (17), derrubou o veto presidencial, restabelecendo a prorrogação dos subsídios.

Essa decisão dos parlamentares, embora celebre a promoção de energias renováveis e a estabilidade para investidores do setor, levanta preocupações sobre o impacto direto na conta de luz dos brasileiros, conforme alertado pelo senador Cleitinho. A estimativa de R$ 197 bilhões em custos adicionais, mencionada por ele, sublinha a magnitude do impacto financeiro que a medida pode gerar para o consumidor.

Alinhamento e Contradições no Congresso

A postura do senador Cleitinho em defender um veto de Lula – uma ação que contraria a linha geral de oposição de seu partido e de seus aliados – destaca a complexidade das pautas no Congresso. Embora o Partido Liberal (PL), legenda de Cleitinho, e a base parlamentar considerada conservadora e neoliberal (que inclui nomes como o deputado Nikolas Ferreira, também do PL), frequentemente votem contra as propostas do governo Lula, neste caso específico houve uma divergência de interesses.

Muitos parlamentares que se identificam com o campo conservador e liberal tendem a ser favoráveis a uma menor intervenção estatal na economia e, em tese, a uma menor carga tributária ou subsídios que recaiam sobre o contribuinte. Contudo, no que tange aos subsídios para fontes de energia, há um forte lobby do setor e o apoio de parte considerável da bancada, independentemente do alinhamento ideológico com o governo. A votação do Congresso, que derrubou o veto de Lula, demonstra que, nesse tema, os interesses setoriais e os incentivos à produção de energias alternativas prevaleceram sobre a preocupação governamental com o impacto direto na tarifa do consumidor. O "voto pela manutenção do veto do Lula" por Cleitinho, portanto, é um ponto de contraste dentro de seu próprio campo político.