As negociações em torno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das prerrogativas, conhecida como PEC da Blindagem, perderam fôlego na Câmara dos Deputados. Nesta quinta-feira (28), dois dos principais líderes partidários da Casa anunciaram recuo no apoio à medida: Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que juntos lideram bancadas que somam 128 dos 513 parlamentares.

O PL, até a quarta-feira (27), era um dos defensores mais enfáticos da aprovação do texto. Deputados do partido chegaram a afirmar que a proposta abriria caminho para uma eventual anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Entretanto, Sóstenes declarou que a legenda deixará de protagonizar as articulações. “Se algum outro partido quiser [levar o tema adiante], nós vamos ser coadjuvantes, não seremos mais protagonistas nessa PEC”, afirmou em entrevista à GloboNews.

O líder justificou a mudança de postura pela falta de consenso entre os partidos. Para ele, a proposta deveria interessar a todos os parlamentares, mas parte da Casa resiste ao texto.

“Eu acho que alguns partidos e alguns colegas — porque isso é um benefício para todos os 513 deputados e para os senadores — preferem se acovardar”, disse. “Eu não vou ficar querendo ajudar 513 e 81 quando dentro desses tem gente que acha que fortalecer prerrogativa é um desserviço. Eu não vou ficar me sacrificando em detrimento de alguns que não querem.”

Com a retirada de apoio de PL e MDB, a PEC da Blindagem perde força política e deve enfrentar dificuldades para avançar no Congresso.