O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, revelou nesta terça-feira (13) que buscou apoio institucional dos Estados Unidos para proteger a democracia brasileira durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração foi feita durante evento do LIDE, grupo empresarial liderado por João Doria, em Nova York. Sem citar nomes diretamente, Barroso indicou que os pedidos ocorreram no período em que presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre 2020 e 2022, em meio à crescente tensão institucional no país.

Segundo o ministro, foram feitas ao menos três solicitações formais ao governo norte-americano, incluindo uma diretamente ao Departamento de Estado, para que se manifestassem em defesa da democracia brasileira. “Acho que isso teve algum papel, porque os militares brasileiros não gostam de se indispor com os Estados Unidos, pois é aqui que obtêm seus cursos e seus equipamentos”, afirmou Barroso. As declarações ocorreram no contexto da campanha eleitoral de 2022, que terminou com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL), num ambiente marcado por ataques sistemáticos às urnas eletrônicas e ameaças à ordem constitucional.

Durante sua fala, Barroso também reconheceu a complexidade das relações entre Brasil e EUA ao longo da história. Ele lembrou que os americanos apoiaram o golpe militar de 1964, mas destacou que o cenário atual é diferente. “Mais recentemente tivemos um decisivo apoio dos Estados Unidos à institucionalidade e à democracia brasileiras em momentos de sobressalto”, concluiu. As declarações do ministro reacendem o debate sobre a atuação de instituições brasileiras e estrangeiras na proteção do regime democrático em tempos de instabilidade política.

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