Após pautas polêmicas, deputados se dão “férias internacionais''
A prática do recesso branco, embora informal e não previsto regimentalmente, é recorrente entre os deputados.

Após uma semana marcada por votações controversas, o Congresso Nacional inicia um “recesso branco” não oficial, com sua cúpula deslocando-se para compromissos internacionais e deixando o Parlamento praticamente sem atividades legislativas relevantes. O movimento ocorre justamente após a aprovação de medidas que geraram críticas, como o aumento no número de deputados federais e a suspensão da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem, acusado de envolvimento em uma suposta trama golpista.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, viajou aos Estados Unidos, onde participa de um fórum com empresários e autoridades, incluindo o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. Enquanto isso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, acompanha o presidente Lula em sua terceira viagem internacional conjunta — desta vez para a China. A ausência simultânea dos principais líderes do Legislativo evidencia um esvaziamento institucional justamente em um momento de alta sensibilidade política.
Durante a semana, o Congresso funcionará em ritmo protocolar, com homenagens e sessões só Durante a semana, o Congresso funcionará em ritmo protocolar, com homenagens e sessões solenes dominando a pauta. Não há previsão de votações importantes ou debates sobre temas de impacto direto na vida da população. A prática do recesso branco, embora informal e não previsto regimentalmente, é recorrente em semanas que antecedem ou sucedem votações difíceis, servindo, na prática, como uma pausa estratégica da classe política.
A decisão de paralisar as atividades enquanto o país enfrenta temas urgentes e após aprovações questionadas por especialistas e setores da sociedade civil reforça a percepção de distanciamento entre os representantes eleitos e os cidadãos. O esvaziamento do Congresso para compromissos internacionais, em especial logo após decisões que favorecem membros do próprio Parlamento, levanta dúvidas sobre as prioridades da atual legislatura e a responsabilidade com a função pública.