Franco Maciel
Maurino Veras: antes do rádio, havia ele e seus alto-falantes
O homem que transformou som em história e voz em patrimônio

Há nomes que o tempo não apaga. Maurino Veras foi um deles, ou melhor, uma dessas vozes que se eternizam. Filho de União dos Palmares, não esperou pelo rádio para levar som ao povo. Criou o serviço de alto-falantes Palmares, instalado na Rua Manoel Casado de Melo, e transformou a cidade em uma audiência cativa. Telegramas sonoros, recados apaixonados e músicas escolhidas com esmero. Tudo embalado por sua voz marcante.
Nas festas da padroeira, sua presença era lei. Conduzia a emoção do povo com fé e romantismo. Os horários musicais — Jovem Guarda, Roberto Carlos, sucessos internacionais — viraram hábito, quase um ritual. Maurino não apenas transmitia: ele criava atmosferas.
Na década de 1960, fundou o Cine Brasília, um cinema que rivalizava com o tradicional Cine Imperatriz. Era um verdadeiro portal de sonhos. Popular, acessível e vibrante. Para ele, a cultura era trincheira e missão.
Também formou talentos da comunicação, como Fernando Alvim (Doca), José Maria, Madalena Quirino, Kleber Marques, Antônio Aragão, entre outros, que saíram de sua orientação para brilhar no rádio alagoano.
Conheça mais sobre nossa história:
Faleceu em 2016, aos 89 anos. Mas ficou nos ecos das cornetas, nas esquinas, nas lembranças embaladas por ondas sonoras. Maurino Veras foi mais do que um comunicador: foi elo entre o povo e sua cultura. Uma voz que ainda ecoa no coração de União dos Palmares.