Franco Maciel
Portal da Sementeira: um arco de ferro, uma ponte com o passado
Símbolo do progresso agrícola, o portal da Sementeira resiste ao tempo como testemunha da história palmarina

Na entrada da antiga Fazenda Sementeira, onde hoje se espalham várias chácaras em União dos Palmares, ergue-se um portal centenário que guarda mais do que um nome: guarda uma história.
Construído na década de 1920, o arco metálico com a inscrição “Sementeira” foi erguido em homenagem ao coronel Basiliano Sarmento, uma das figuras mais influentes da história palmarina. Político de prestígio, fazendeiro visionário e incentivador do progresso agrícola, Basiliano doou parte de suas terras ao Estado para a instalação de uma estação experimental de cultivo de algodão — cultura essencial para a economia alagoana entre o final do século XIX e o início do século XX.
O algodão, apelidado de “ouro branco”, trouxe alento ao sertão e à zona da mata. Em meio às constantes crises da cana-de-açúcar, representou uma alternativa viável de sustento para milhares de trabalhadores. A Fazenda Sementeira tornou-se símbolo dessa renovação. Seu nome não foi à toa: ali se semeavam ideias, experimentos e o futuro da agricultura regional.
O portal — simples, mas imponente — foi construído ao custo de 250 mil réis, quantia que hoje equivaleria a aproximadamente R$ 5.000,00, levando em conta correções estimadas. Um investimento modesto, mas de grande significado histórico. Cem anos depois, embora desgastado pelo tempo, ele ainda resiste. Diante disso, cresce o movimento popular por sua restauração e tombamento como patrimônio histórico e cultural de União dos Palmares.
Preservar o portal da Sementeira é mais do que conservar uma estrutura de ferro: é resgatar a memória de um tempo em que a cidade ousava crescer com os pés na terra e os olhos voltados para o futuro.