Franco Maciel
Maria Mariá, o maiô e a revolta das alunas
Em 1956, uma fotografia à beira do rio Mundaú fez de Maria Mariá um símbolo de liberdade

União dos Palmares, 1956 — Quando a professora Maria Mariá posou de maiô às margens do rio Mundaú, não imaginava que aquele retrato de liberdade causaria tanto alvoroço. A imagem, mostrada às alunas do Grupo Escolar Jorge de Lima, encantou as estudantes, mas escandalizou a direção da escola.
A instituição denunciou a professora à Secretaria de Educação, exigindo punição pela “conduta devassa”. O castigo foi severo: exílio. Mariá foi transferida para Murici, onde passaria a lecionar no Grupo Escolar Professor Loureiro.
Mas o gesto de liberdade não foi esquecido. Pelo contrário: virou símbolo. Suas alunas, indignadas com a decisão, organizaram um protesto ousado. Acamparam em frente ao Palácio do Governo, em Maceió, e exigiram o retorno da professora.
O caso ganhou destaque nos jornais da capital. As manchetes falavam de “injustiça”, “liberdade feminina” e “educadora perseguida”. Diante da repercussão e da força das estudantes, o governador Muniz Falcão cedeu. Recebeu as jovens em audiência e ordenou a volta imediata de Maria Mariá ao seu cargo original.
O retorno foi celebrado. Ela voltava como educadora e como símbolo de resistência num país que, à época, ainda reprimia mulheres que ousavam ser livres.
O gesto simples de posar de maiô se transformou em aula de coragem. A história de Maria Mariá permanece como exemplo de dignidade, inspiração e luta por liberdade.
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